Desde que nascemos, para o desenvolvimento da nossa linguagem oral de maneira satisfatória, precisamos que nossa audição esteja funcionando corretamente. Essa sabedoria da natureza também se reflete num comentário de senso comum que você já deve ter ouvido por aí: “temos somente uma boca e dois ouvidos, para que escutemos mais e falemos menos”.
Chamo a atenção para este ponto, porque muitas pessoas querem se comunicar melhor focando somente na fala. Querem saber se expressar, usar corretamente os gestos e entonação vocal, dominando as técnicas de discurso mais persuasivas. Mas se esquecem do essencial: saber ouvir.
Um estudo feito no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, revelou que o processo de escuta tem mais nuances do que se imagina. Os pesquisadores colocaram uma lupa sobre este assunto e chegaram à conclusão de que existem 4 grandes níveis: o primeiro deles é o Piloto Automático: quando estamos ouvindo a pessoa falar, mas não absorvemos a informação compartilhada, simplesmente porque não estamos escutando com interesse. Depois vem a Escuta Objetiva, onde você não está realmente interessado no que o outro tem a dizer, mas sim no que você concorda ou discorda daquilo que está sendo dito.
O terceiro nível é a Escuta Empática: quando estabelecemos uma conexão emocional com o outro, escutando seus pensamentos, sentimentos e necessidades de maneira atenta. E por fim, a Escuta Generativa, onde algo novo é gerado. É aquele tipo de conversa em que todo mundo entra no mesmo ritmo e grandes insights começam a surgir naturalmente.
O interessante da pesquisa, liderada pelo professor Otto Scharmer, é que ela também mapeia o nível de energia mental que gastamos ao vivenciar cada um destes níveis. Quanto mais profunda é a conversa, mas energia precisamos gastar e, consequentemente, mais cansados podemos ficar.
A pesquisa conclui que todos os níveis são importantes, variando conforme o contexto. Precisamos somente fazer essa análise crítica de qual situação estamos vivenciando e escolher conscientemente qual nível de escuta usar. O piloto automático, que representa tanto do nosso dia a dia, tem a sua importância porque nosso cérebro instintivamente busca economizar energia por uma questão de sobrevivência. Mas quando uma pessoa querida compartilha com você uma questão muito delicada, a escuta empática é mais recomendada.
Tenho certeza de que você já ouviu a máxima “para se comunicar bem é preciso conhecer seu público”. Quando ouvir isso novamente, lembre-se que esse processo envolve uma série de elementos. A escuta é o mais importante deles.